São Paulo, sábado, 19 de março de 2011
Memórias perturbadas...
Literatura, pensamentos, cinema, questionamentos, seriados, teatro...
sábado, 19 de março de 2011
Boa reflexão do articulista Fernando de Barros e Silva sobre a polêmica do blog milionário!!
São Paulo, sábado, 19 de março de 2011
sexta-feira, 11 de março de 2011
Costa Gavras e a complexidade humana.
Infelizmente não conheço toda obra do cineasta grego Κώστας Γαβράς. Missing (1982) foi minha primeira experiência e confesso que à época o que mais me chamou a atenção foram as interpretações viscerais de Jack Lemmon e Sissy Spacek. Estava começando a fazer teatro e pensei como seria incrível alcançar aquele nível de interpretação. De lá para cá assisti a mais alguns (aliás, preciso rever todos eles): Atraiçoados (1988), Music Box (1989), O quarto poder (1997) e, mais recentemente, Amém (2002) e O corte (2005). Ou seja, ainda não vi o mais famoso Z (1968) e aquela é considerada sua obra-prima: Seção Especial de Justiça (1975). Bom, estejam certos, farei sessões extras para botar tal filmografia em dia, afinal de contas, acabei de comprovar o impacto que Music Box causa em seu espectador.
Imaginemos uma vida tranqüila: filha, pai, irmão, neto... Uma carreira bem sucedida e a paz do chamado “sonho americano”. É assim que a família da advogada criminalista Ann Talbot inicia a narrativa de Gavras. Tudo muito correto até o pai de Ann receber uma intimação do governo acusando-o de ser um ex-criminoso de guerra, um ex-torturador sádico que tirou a vida de muitos em uma Hungria recém saída da 2ª Guerra Mundial. Daí por diante o espectador vai começar a juntar as próprias provas – palavras, frases, gestos... Tudo servirá para que aos poucos entendamos o que realmente está por trás de tais acusações.
O filme (ao que parece) acabou de ser relançado em DVD. Infelizmente sem alarde, sem nenhum tipo de apelo comercial. Há tempos vinha procurando uma cópia, pois sempre quis tê-lo em minha coleção. Konstantinos Gavras não é um cineasta simplificador, pelo contrário, suas tramas sempre pedem para que saíamos do óbvio, que mergulhemos para além da superfície. Com essa pequena jóia não é diferente. O que aparentemente é uma simples confusão (ou uma armação comunista como muitas vezes é dito no tribunal) vai aos poucos se tornando um tratado sobre a eterna complexidade humana. O que impressiona é sabermos que o mesmo ser humano que estupra e mata com requintes de perversidade, é o mesmo ser humano que constitui uma família, provendo-a e amando-a. Somos capazes de forjar uma mentira com tanta veracidade, que a própria verdade se torna irrelevante e sem sentido. Será?
Ann Talbot é interpretada com maestria e sutileza por Jessica Lange e seu pai – Michael Laszlo - pelo brilhante Armin Mueller-Stahl. A relação pai e filha é desenhada pelos dois de maneira tão humanamente dolorosa que o diálogo final se torna paradoxalmente desumano. O filme prova de forma insigne que não podemos dizer que conhecemos alguém realmente, nem mesmo as pessoas com quem convivemos a vida inteira.
Recomendo o filme pela inteligência, pela coragem e porque o mal nem sempre está apenas nos lares desestruturados ou nas famílias de baixa renda. O mal e o bem estão em todos os lugares, em todas as pessoas, quer acreditemos nisso ou não.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Retomando...
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
smile
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
a simple thing...
I have dreamed That your arms Are lovely... I have dreamed What a joy you'll be... I have dreamed Every word you whisper
We speak in a whisper When you're close Close to me.
Afraid to be heard... Alone in our secret Together we sigh For one smiling day To be free...
How you look In the glow of evening
To kiss in the sunlight
I have dreamed And enjoyed the view
And say to the sky
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
VIVA 2009!!! PORÉM, VIVA MAIS AINDA 2010!!!!!!
domingo, 15 de novembro de 2009
Variações sobre um tema de Mozart (fragmentos), João Silvério Trevisan
A gente sabia que ia ser duro. Sabia não sabia?
Você sabe, essas coisas sempre têm fim. Quer dizer, o amor. Tudo um dia tem que acabar. Nem a vida é eterna, apesar de ser bom estar vivo.
Tá bom, tá bom. Com o tempo a gente vai se esquecer, é verdade. As cartas vão diminuindo, os telefonemas ficando mais curtos. Mas e daí? É assim mesmo. Você vai se arranjar sem mim. A vida continua.
Afinal, nós não somos os únicos. Todos os dias, no mundo inteiro, há milhares de histórias de amor se acabando. E outras milhares começando. Vida e morte, tudo junto. As coisas são assim mesmo.
Sou péssimo para consolar as pessoas.
Vai doer muito, eu sei. Aquelas noites em que a gente não consegue dormir, em que o corpo inteiro dói de solidão. E a gente, de noite. Geme que nem cão sem dono.
A solidão vai ficando tão imensa que chega uma hora e a gente não tem mais para onde ir. Ela toma todo o espaço, invade tudo. Dá saudade de ver aquela praça, tomar aquele sorvete, ouvir... Qualquer coisa dói de solidão. E a gente fica com a impressão de que o mundo vai encolhendo. Que o nosso espaço é esse quarto, porque isto aqui acaba sendo tudo o que sobrou. Então vem aquele sufoco, de tão apertado é o espaço que sobrou.
É bom você estar preparado. Estar preparado para quando chegar aquela noite desgraçada, fria, molhada e mais escura do que todas as outras. É quando a gente implora por um pequeno carinho.
Por um longo tempo pensou na solene e melancólica clarineta de Mozart, no amor deles, na saudade.
Ouviu ruídos que lhe pareciam longínquos.
Passos que se afastavam.
Uma porta se fechando.
Depois outra, mais longe.
Uma chave girando.
O portão batendo.
Algo vago como um carro.
Motor distanciando-se, sumindo.
Silêncio.
Pensou: só Deus sabe como sobrevivi. Pensou já sem lágrimas nos olhos, mas para sempre inconsolável, filho da desesperança e da dilacerante realidade que emergiu daquele momento – daquele momento em que um sonho tão bom e tão raro como o amor - se acaba."
Mozart, Concerto para clarineta 2º movimento
http://www.youtube.com/watch?v=BxgmorK61YQ