domingo, 14 de dezembro de 2008

Não ao ódio e a intolerância

Mississipi em Chamas (Mississipi Burning) data de 1988. Vinte anos depois e o filme continua com uma força descomunal; com imagens que nos fazem (mais uma vez) pensar sobre a nossa perplexa condição humana.
O ano é 1964 e o estado do Mississipi está literalmente em chamas: negros e brancos não podem ser colocados no mesmo patamar, afinal de contas, como faz questão de dizer uma moradora da intolerante Jessup, município onde se passa a ação: “eles não são como nós. Não tomam banho. Fedem. Eles... eles são nojentos. Simplesmente não são como os brancos”. Pois é, já foi dito que o ódio não nasce com o ser humano; ele é ensinado, doutrinado e, assim, de maneira incisiva, você passa a odiar sistematicamente aqueles (ou aquilo) que está fora do seu contexto sócio-cultural ou político-religioso, não importa.
Em outro momento marcante, um líder da ininteligível Ku Klux Klan, clama a quem quiser ouvir que o racismo do seu grupo se estende de maneira ampla e cruel: “Vamos esclarecer uma coisa: não aceitamos os judeus porque eles rejeitaram Cristo. Não aceitamos papistas porque eles reverenciam um ditador romano. Não aceitamos os turcos, os tártaros, os mongóis, os orientais ou os negros.” O ódio e a ignorância são muito maiores e fazem muito mais estrago do que podemos imaginar.
Desde muito cedo aprendi a buscar novas maneiras de pensar o mundo que me cerca. Sempre desconfiei daquelas opiniões que me pareciam definitivas demais (inclusive as do meu próprio pai). Desde que me entendo por gente, tenho dificuldade em aceitar que uma opinião pode prevalecer diante de outras. Isso não quer dizer, em absoluto, que sou a pessoa mais tolerante da face da Terra ou que tenho tudo muito bem resolvido dentro de mim. Estou distante (bem distante) de me tornar um líder pacifista como Mahatma Gandhi, por exemplo, minhas pretensões não chegam a tanto. Apenas sinto que a vida me conduz por caminhos importantes e não há como deixar de aprender com eles.
Atualmente, lido diariamente com os jovens e suas “opiniões definitivas” sobre o mundo e a vida. Muitos desses jovens, na verdade, buscam com tais opiniões apenas uma maneira de dialogar, um modo de se redescobrir e se reinventar. Isso sem contar que as atitudes e colocações desses jovens me fazem rever uma série de “certezas” minhas. Essa troca me faz crescer dia a dia; me faz perceber que continuo com muitos desejos da minha própria juventude; me lembra constantemente que o mundo só pára quando você se deixa parar.
Sejamos honestos: a vida é vasta e os desejos são muitos; tudo o que precisamos é continuar aprendendo e amadurecendo, mesmo que para isso tenhamos que destruir todos os nossos “castelinhos de areia” e recomeçarmos; porque acredito que a vida sem recomeços é chata, vazia, estúpida e sem sentido.
Junto com a dica do excelente filme dirigido pelo mestre Alan Parker, deixo a música de dois grandes lutadores dos direitos humanos: Bob Dylan e Joan Baez.

Um comentário:

Breno Massena disse...

Realmente meu mestre Nélson , ainda tenho muita coisa a aprender ! hauhauhauhauhauhauhauhaaa

grande abraço !