segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Como nascem os monstros.

Bom, ao que parece não causou estranheza um menino de sete anos atirar animais de pequeno porte a um crocodilo num zoológico da Austrália. Também não parece nada estranho esse mesmo menino bater em um lagarto várias vezes até causar a morte do animal. Assistindo ao programa Happy Hour os convidados e os apresentadores pareciam bastante tranqüilos em relação ao ato. De acordo com um poeta que por lá estava, antigamente as crianças matavam passarinhos com estilingue e todo mundo achava normal. Pois é, poeta, os alemães contemporâneos de Hitler também achavam normal matar gente. Ah, me desculpe, provavelmente o poeta vai me achar exagerado ao comparar o ato da criancinha com os atos praticados na Alemanha nazista. Desculpe, às vezes eu exagero mesmo. Outro convidado (nem guardei o que ele era) falou da necessidade de lembrarmos que se trata de uma criança, e como tal não sabe o que está fazendo. Pois é, menores que matam e estupram também não devem saber o que estão fazendo. Em todo caso, recomendo a esse senhor a leitura do excelente livro da canadense naturalizada francesa “Marcas de Nascença”. Talvez ele perceba que a formação de um indivíduo se dá desde mais tenra idade. E talvez ele (assim como os outros participantes) ache “curioso” descobrir que todo ato tem conseqüência.
Enfim, pelos comentários tecidos no tal programa (que, aliás, perdeu um espectador) devemos encarar com naturalidade e tranqüilidade a crueldade infantil. Prefiro acreditar que pais conscientes e engajados num mundo mais humano estão atentos às “gracinhas” de seus filhos. Prefiro acreditar que nem todos os pais são estúpidos como os pais do pequeno Sol, um dos personagens de Nancy Huston.

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